Botânica e agricultura no Brasil no século XVI

como na Índia, se em o nosso clima se não acomodaram os corpos mais à farinha da mandioca, que melhor os nutre; porém continuamente se usa dele por regalo, assim guisado em muitas viandas, como em outros vários compostos. Na província da Bahia os alqueires que se colhem, não têm número; são tantos nas dos Ilhéus, e da Porto Seguro, que sai para várias partes em sírios, como a farinha. Este grão tem circunstância maravilhosa na do Pará, porque, penetrados aqueles sertões, se experimentou que os seus naturais o colhem sem o semearem, produzindo-o naturalmente a terra em dilatadíssimos brejões, com abundância, e sem cultura; mas não só para a parte do Norte se acha esta singularidade, porque pelo Sul muito além de São Paulo, nas novas Minas do Cuiabá se viu o arroz produzindo na mesma forma, e o grão maior que todos os deste gênero".

Combine-se, portanto, estas informações e medite-se conscienciosamente se há ou não motivos que nos autorizam acreditar na existência da Oryza sativa L. e de todas as outras espécies afins em nosso país por ocasião do descobrimento da América e diga-se-nos - se isso não é aceitável - de onde proveio então a Oryza caudata Trinius, que sempre existiu em Mato Grosso?

Alguém, obstinado, poderá ainda dizer que este cereal foi introduzido da Europa e que Sprecher Von Bernegg não disse a verdade quando fixou a sua introdução para o ano de 1745. Como, porém, se podem responder os argumentos fornecidos pelo autor da Historia da America, que tratou do arroz sem referir que fora importado e ingenuamente até refere que nos sertões o colhiam sem cultivá-lo. Gonçalves da Fonseca escreveu a sua informação no ano 1749 no alto Guaporé, vizinhanças da antiga Villa Bella (hoje cidade de Mato Grosso) e frisou, textualmente: "que o dos

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