Botânica e agricultura no Brasil no século XVI

pantanais, produzido pela natureza, sem cultura, não tem a bondade que o faça apetecido". Mas Rocha Pitta disse que "pelo Sul, muito além de São Paulo, nas novas Minas de Cuiabá (Região do Grande Pantanal, portanto) se viu arroz produzindo na mesma forma, e o grão maior que todos os deste gênero". Se o arroz referido fosse introduzido, não haveria motivos para tanto elogio e comparação.

É muito provável, quase certo, que os naturais da América já conheciam e tinham domesticado o arroz comum das culturas atuais, por ocasião do descobrimento deste continente. Pois, posteriormente, em 1772 um Bando do Governador do Maranhão - onde, como vimos, se introduziu arroz - cominava as penas de multa, cadeia, calceta e surra segundo a penalidade das pessoas aos que continuassem na cultura do arroz vermelho da terra, em vez do branco da Carolina, único permitido. Este arroz vermelho, sem dúvida, era o mesmo que ainda hoje conhecemos como tal ou mineiro. Mas o arroz de Carolina, ou branco, não era, porventura igualmente natural do nosso continente?

Como as supra mencionadas plantas, também este cereal, parece-nos, existia simultaneamente na América e na Ásia, antes de se haver aventurada a expedição de Colombo a este continente. E, se Sprecher Von Bernegg e outros botânicos e historiadores das plantas de cultura, confessam não poder dizer se as formas de cultura são originárias da mesma espécie e nem se as silvestres da atualidade, tidas como diversas entre si, são selvagens de fato ou apenas asselvajadas das culturas primitivas, porque se não pode admitir que a Oryza caudata Trinius, embora com características diversas, seja a forma primitiva ou tipo asselvajado do arroz doméstico?! Não se apresenta o trigo com tantas e tão diversas formas

 Botânica e agricultura no Brasil no século XVI - Página 38 - Thumb Visualização
Formato
Texto