e não sucede o mesmo com todos os demais cereais que se asselvajam ou que do estado agreste são introduzidos nas culturas e sujeitos a condições do meio diferente?
O arroz é referido na bibliografia do Velho Mundo desde 4 mil anos antes de Christo, e, todavia confessam os mestres: "O arroz existe em estado selvagem ou asselvajado, na Ásia, África e no Brasil, mas, onde fica a sua pátria ignoramos completamente".
Frequentemente costuma-se objetar: "Mas o arroz domesticado é bem distinto do agreste, tem grãos maiores e fixados nas raques e pedúnculos da espiga, enquanto estes últimos os têm caducos e imprestáveis portanto para uma colheita fácil e segura. A transformação necessária, para fazer um grão fixo de um caduco, não é cousa que se pode esperar de um selvagem". Mas a isto contrapomos outras perguntas. E quem foi que fez a pupunha (Guilielma speciosa) produzir cocos sem o putâmen ósseo, rigidíssimo e grande, que caracteriza o tipo silvestre? Não foram os mesmos aborígenes do Brasil. Quem foi que, pela cultura e seleção continuada por séculos, com ou sem orientação técnica, logrou fazer o milho (Zea mays L.) cujas formas originais nem se conseguiu redescobrir neste continente? Não foi o homem americano pré-colombiano? Atentemos ainda para o amendoim (Arachis nambyquarae Hoehne) e suas múltiplas variedades e formas; miremos a própria mandioca que é tóxica, ao passo que o aipi é inócuo. Com o reconhecimento da Oryza caudata Trinius, como sinônimo da Oryza sativa L., parece-nos razoável que se aceite a existência do arroz cultivado em nosso país, antes de aqui virem os europeus.
Martius (op. cit. p. 20), escreveu algo que nos deve fazer pensar mais calmamente sobre o que dissemos linhas acima: "Muitas vezes tem sido frisado o fato que o homem