Botânica e agricultura no Brasil no século XVI

exerce sobre a natureza que o cerca uma influência mágica. De fato, tudo que ele toca passa, imediatamente, por uma transformação, se torna uma segunda criação. É o fogo de Prometeus, que emanando do homem, movimenta as cousas e seres em sua roda e as impressiona e transmuda. Nas plantas esta influência se manifesta esta por meio da variabilidade e multiformidade no desenvolvimento. Pela convivência com o homem os vegetais adaptam-se a um círculo de formas mais vasto, do que aquele que têm em estado agreste. Simultaneamente com esta atividade acelerada em aceitar formas várias, alarga-se a esfera das manifestações vitais no espaço de tempo - tal como o tipo, varia também o ritmo -; eles recebem maior liberdade na sua periodicidade, e são, por isto, menos influenciados pelo clima. Se as plantas ficam em convivência com o homem durante longo tempo, este consegue imprimir-lhes hábitos na forma e na conduta, que se tornam indeléveis mesmo em gerações múltiplas. Assim surgem as variedades e raças, que, como se sabe, aumentam em número na proporção do número de anos durante os quais se tem o vegetal em cultura. Como prova mais evidente do fato que esta influência existe, temos as plantas cultivadas durante muito tempo e multiplicadas por meio de estolhos ou rebentos, que perdem totalmente a faculdade de produzir sementes.

Entre as plantas úteis da América encontramos também todas estas condições perfeitamente confirmadas. Também elas apareceram em muitas variedades e raças; adquiriram maior elasticidade na sua adaptação às influências climatéricas e muitas perderam por completo o primitivo hábito de reprodução pela semente. Como especialmente importante para esta nossa asserção, menciono a palmeira gasipáes ou pupunha (Gulielma speciosa), que na maior parte, nas regiões tropicais da América,

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