do seu rendimento efetivo — e isto quando não se verifica a sua esterilidade completa. Uma dada sociedade tem, majestosamente instalado no seu cimo, como um coroamento de glória, um poderoso maquinismo, capaz de produzir uma porção de coisas úteis e belas: capaz de produzir a paz, a justiça, a ordem, a tranquilidade; capaz de produzir a prosperidade, o progresso, a civilização; capaz de produzir o governo do povo pelo povo, o regime da opinião, a democracia, a liberdade, a igualdade, a fraternidade: — e, entretanto, esse formidável aparelho, capaz de produzir tanta coisa útil e bela, não produz, justamente pelo caráter utópico da sua organização, nada disto — porque, em regra, produz o contrário disto...
Certo, nem todo idealismo é condenável. Há idealismos fecundos, para cuja consecução os povos sadios e fortes costumam empregar todas as energias de que dispõem. São aqueles idealismos que representam, como observa Julio Endara, "una fuerza moral inspirada en el deseo de mejorar el real y no una simples doctrina metafisica abstracta"(1). Nota do Autor
Estes os idealismos que chamaremos orgânicos, porque nascem da própria evolução orgânica da sociedade e não são outra coisa senão visões antecipadas de uma evolução futura. É, no fundo, o mesmo conceito do "idealismo fundado na experiência", de Ingenieros, único que o grande pensador concebe como digno das aspirações e da atividade de um povo.