O idealismo da Constituição

Ora, nesses centros religiosos de educação, esta jeunesse dorée dos latifúndios não podia adquirir nenhuma orientação positiva de espírito, que lhe permitisse encarar sob critérios rigorosamente objetivos os problemas sociais e políticos do nosso meio. O mesmo se pode dizer dos estabelecimentos leigos existentes: estes modelavam os seus programas de ensino pelo padrão dos estabelecimentos religiosos.

Equivale dizer que o contato dessas jovens inteligências com a nossa realidade, indispensável à gênese do nosso idealismo orgânico, não se podia realizar. No ponto de vista das ideias políticas, essas instituições educacionais constituíam-se em centros elaboradores de idealismo utópico: — os que delas saíam eram sonhadores sinceros e ardentes sem dúvida; mas, fora do conhecimento das nossas realidades objetivas, incapazes de medir-lhe e sentir-lhe a decisiva e inevitável influência sobre a estrutura dos poderes públicos.

Esses, porém, formavam a massa anônima dos idealistas e agitadores, que prepararam a nossa emancipação política e trouxeram obscuramente a sua pedra para a construção do nosso primeiro edifício constitucional.

Havia, porém, acima desses obscuros utopistas e batalhadores, um grupo de homens cheios de prestígio e brilho; mas também alheios como aqueles às realidades do nosso meio. Eram os dirigentes, os guias, os chefes do nosso movimento emancipacionista, os que prepararam a nossa independência política e idealizaram o plano da nossa organização constitucional. Formavam a nossa primeira geração da Independência; porque, tendo nascido

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