Páginas de história do Brasil

Antropofagia.

O combate ao vício de comer carne humana principiou muito antes da catequese propriamente dita. Os padres chegaram a arrancar, em pleno terreiro, das mãos das velhas, dispostas já a cozinhá-lo para um banquete, o corpo morto de um índio. Tal audácia ia-lhes custando a vida. Com a ajuda de Tomé de Sousa saíram felizmente indenes. E, com método e com a cooperação de Mem de Sá, que impôs sanções legais contra esse terrível costume, a antropofagia desapareceu em breve entre os índios, que se punham em contato com os portugueses. Foi uma das primeiras conquistas morais dos jesuítas.

Poligamia e mancebias.

A poligamia entre os índios era bastante vaga. Não era fácil distinguir entre as várias mulheres que tinham, simultânea ou sucessivamente, qual seria a legítima. Houve várias consultas teológicas sobre o assunto. Os jesuítas trataram, neste caso, de ser pragmatistas. Erigiram um sistema de proteção monogâmica; favoreceram o aldeamento dos índios. E, para que os lares fossem cristãos, levaram os índios a viver não em malocas promíscuas e comuns, mas em casa própria com terras de cultivo não longe dela.

Pior que este, havia outro elemento de desmoralização perene. Os brancos, apenas chegavam à terra, admitiam as índias em casa; aliás, as índias tinham nisso a suprema honra. A falta de mulheres brancas para se casarem com os colonos levava os jesuítas a pedirem que fossem de Portugal órfãs pobres, que se casariam todas; até as "erradas" achariam marido...

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