Páginas de história do Brasil

Mas este caso era dificil e grave. Os colonos, vindos de Portugal, ou nascidos já na terra, preferiam muitas vezes ter em casa uma índia, que lhes servissem ao mesmo tempo de criada. Quer dizer: queriam todas as vantagens do homem casado sem nenhum dos encargos matrimoniais. Porque, depois de terem em casa as índias o tempo que lhes parecia, não raro as abandonavam. O único recurso que restava aos jesuítas era negar a esses tais o acesso aos sacramentos. Pois, ainda que outros lho concediam, eles tiveram a coragem de o negar. Acarretou-lhes isso más vontades, intrigas e contradições? Sem dúvida. Mas a sua atitude constante foi um elemento precioso e forte para o saneamento da moralidade pública.

Cativeiros injustos.

A grande cruz dos jesuítas no Brasil, e na qual haviam de ser afinal crucificados, foi a da liberdade dos índios.

Os índios, como todas as civilizações primitivas, possuíam espírito demasiado ingênuo para se defenderem eficazmente contra a astúcia dos civilizados. Ora os colonos precisavam de braços. Quem embarcava para o Brasil ou ia constrangido (degredado), ou como funcionário público, ou como mercador. Em qualquer das hipóteses, procurava compensações materiais. E é natural; ninguém deixa o torrão natal por simples prazer. A terra era farta. Houvesse mão de obra, e seria a riqueza. O cativeiro dos índios nasceu desta ideia. Em tal emergência, a posição dos jesuítas, tendo em vista os princípios da moral e da jurisprudência da época, foi esta: o cativeiro pode ser justo ou injusto. Caso em que poderia ser justo: Está um índio prestes a ser morto e devorado

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