Páginas de história do Brasil

veio dar satisfação e desculpa o dito trombeta, da parte de Nassau ao do Bonhol, queixando-se [este] da guerra, que fazia, que é bem suja, não de principe, assim nas mortes crueis que fazia, não perdoando a mulheres e meninos e velhos, como em nos atirarem pelouros venenosos, de que nos têm morto os feridos da primeira escaramuça; e ultimamente morreu hoje o capitão Salvador de Mitarte, que era o derradeiro ferido deles. E nós, em recompensa destas crueldades, a todos os presos, que tomamos, não fazemos mais que metê-los na cadeia e dar-lhes de comer. Mas eles são herejes e nós católicos".

As desculpas do holandês não eram tão desinteressadas, como se poderiam crer, nem de pura elegância. Aquele emissário vinha para se informar... Quando o Conde de Nassau julgou o momento oportuno deu o ataque à cidade. Foi na noite de 18 para 19 de maio. Ia decidir-se a sorte da Bahia. É o momento solene. O provedor começa a carta a El-rei com frase que recorda o título dum livro célebre moderno:

"Senhor: não houve novidade na noite passada, mais que a que aviso. O dia se gastou em baterias de parte a parte, sem dano nenhum nosso. Às sete da noite tocou o inimigo arma e nos investiu por três partes. A primeira intentou ganhar o reduto de Luiz Barbalho com 500 homens. Estavam em posição por aquela parte junto à casa queimada as três companhias de D. Pedro de Roxas e Antonio Roiz, e D. Gregorio Cadena Bandeira de Melo, do têrço castelhano do mestre de campo João Ortiz, com o sargento maior dele, D. João de Estrada. Rechaçaram o inimigo muito valentemente. Nas primeiras cargas feriram logo os capitães D. Pero de Roxas e Antonio Roiz, ficando só D. Gregorio com o posto, que o defendeu até o fim da briga, com muita constancia e valor, havendo-lhe morto quási toda a sua companhia e parte das dos

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