Páginas de história do Brasil

outros, ficando ele com mui pouco gente, sem perigo nenhum, sem embargo a lhe darem cinco pelouradas, milagrosas, sem ferida de consideração. Logo acudiu o Governador e Conde de Banholo nas trincheiras e reduto de Santo Antonio, que estava a cargo do mestre de campo D. Fernando de Ludenha (sic), aonde o inimigo acometeu com tanto impeto com dous mil homens, ajuramentados a levá-lo ou morrer na empresa, aonde se pelejou tão constantemente de parte a parte, por espaço de quatro horas, que durou a briga, que se tem pela maior batalha que houve nunca no Brasil, pela firmeza com que se pelejou. O inimigo se meteu no nosso fôsso fazendo escadas pela muralha, com ferramenta que traziam, que chegaram a subir arriba muitas vezes, donde foi rebatido galhardamente, sem embargo de nos abrasarem com muitas granadas; se bem é verdade que estava ali o Governador, o Conde, e Duarte de Albuquerque, o tenente general Alonso Ximenes e o da artilharia Francisco Peres de Sota, pessoas de grandissima importancia e outras muitas pessoas particulares da Baía e muita infantaria, que todos fizeram gentilmente sua obrigação.

O mestre de campo Luiz Barbalho e o seu sargento maior Francisco Duarte, os capitães do seu têrço e o de Portugal, do exército de Pernambuco, com o sargento-mor Antonio de Freitas da Silva, pelejaram também valentemente, picando por um lado ao inimigo, com grande dano seu. Mas nem com tudo isso desistiam da pretensão os holandeses, como gente obstinada — e bêbados, como depois entendemos. Acudiu lá Heitor de la Calche com o seu têrço, que serão 200 homens, e o Camarão por outra parte, já a tempo que o inimigo enfraquecia. E no meio desta peleja nos tocaram arma os inimigos por mar no forte de Santa Maria e Santo António e S. Diogo, dando mostra de quererem botar gente em terra. Entendi eu que aquilo era divertimento, por ver se desistiamos da resistencia,

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