Páginas de história do Brasil

A relação continua no dia seguinte com esta carta:

"Senhor: O discurso da noite passada se passou, no nosso exército e no do inimigo, em silêncio, e no campo na cura dos feridos, em que houve bem que trabalhar, com sete surgiões e muitos ajudantes. A maior parte deles se curaram com óleo de ouro (de que eu estava bem provido) e outros com aparicio e ovos. Pela manhã nos disparou o inimigo algumas peças e nos matou Pascoal de Brito, alferes de D. Filipe de Vilharte, do terço de D. Fernando de Lodenha, e dous homens. E logo mandaram um tambor a pedir cessão de armas por aquele dia para recolherem e enterrarem os mortos. Concedeu-se-lhes. Cessaram as baterias. Deram-se reféns de parte a parte. E da nossa foi o capitão Pero Arenas. Antes da cessão de armas tinham os nossos indios morto, pelos matos, alguns 50 holandeses, que andavam perdidos da rota passada. Em carros lhe fomos entregando os seus mortos, e lhe contamos, na entrega, 327 dos mais fermosos homens, que se viram nunca, que pareciam gigantes. E sem dúvida era a flor dos holandeses; e eles se enfadaram de ver tantos, e se foram, ficando mais de 30 por lhes mandar, que ainda tinhamos. E estes, fora muita quantidade, que retiraram de noite, enquanto se pelejava, com 50 redes. E se afirma que só de mortos, com os da entrega, passam de 500, e mais 700 feridos. Recolhemos, demais disso, dez feridos (de que já hoje nos morreu um) e nos achamos agora com 51 cativos.

A nós nos mataram na batalha 60 homens e neles o capitão Sebastião do Souto e D. Pedro de Roxas e nos feriram 99, de que receio nos morram muitos, porque este Conde de Nassau, e os herejes seus companheiros, fazem uma guerra muita suja, porque as balas veem untadas de toucinho rançoso, se bem imos cicatrizando as feridas

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