PREFÁCIO

Há pouco foi comemorado o primeiro centenário do nascimento de Paulo Eiró. Quem leu os seus escritos por essa ocasião publicados admirou com certeza a inspiração e a infinita doçura dos seus versos. Mas, para o novelista, a vida do ilustre santamarense apresenta interesse tão vivo como o de sua obra literária. Ela nos transporta ao São Paulo de 1830 a 1860, ou mais. Permite-nos evocar igualmente a evangélica povoação de Santo Amaro, que mais parece vinheta de um Livro de Horas, e de onde partiram nomes dos mais brilhantes da aristocracia paulista.

Não resisti, pois, à tentação de escrever a biografia de Paulo Eiró, como quem conta uma delicada história de amor. E ao iniciar esta pequena obra devo confessar com lealdade que o meu trabalho não vai muito além da organização dos documentos, dando-lhes a forma antiquada mas saborosa de uma narrativa. Todo o material histórico que aí se encontra me foi confiado pelo dr. José A. Gonsalves, descendente de uma irmã do poeta, históriador e escritor de grandes méritos — mas paulisticamente avesso à publicidade.

Paulo Eiró nasceu em Santo Amaro, a 15 de Abril de 1836. Essa povoação, situada a duas léguas e meia da capital de São Paulo, data dos meados do século XVI e nos mais antigos assentamentos se confunde com o aldeamento