A vida de Paulo Eiró, seguida de uma coletânea inédita de suas poesias

COATINGA(26) Nota do Prefaciador

Ah! meu suave regato!

Serpeando sem rumor,

Buscas te esconder no mato,

Como a alma cheia de amor.



Rola, rola, e não te queixes

De tua breve extensão:

Não são dourados teus peixes,

Bela a tua solidão?



Não tens águas veementes

Nos campos a se espraiar,

Nem, tragando mil torrentes,

Te precipitas no mar;



Nenhuma preclara Musa

Sedenta saciarás,

Como o nome de Valchiusa,

Nunca teu nome verás.



Que importa, arroio querido?

Nos claros remansos teus,

Se espelha o araçá florido,

Melhor se pintam os céus;



Neles, Véspero parece

Sobre a tarde adormecer,

Qual diamante que empece

Tua linfa de correr.



Como é poética e pura

De teu curso a duração,

Nestes lençóis de verdura,

Nesta amena solidão!



Meu destino vejo inteiro

Com o teu se assemelhar:

Corramos, pois, meu ribeiro,

Corramos sem murmurar.

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