Palradores cobardes! Lá no Elbruz
Foi quebrar-se o poder de todo o Norte;
Fez o Corão o que tocava à Cruz.
Do tirano curvei-vos à coorte:
Inda um homem o Cáucaso produz,
Homem que à servidão prefere a morte.
Santo Amaro, 1854, abril, 30.
PENAS DE CISNE
Quereis uma dessas flores
Que brotam no coração,
Duplo na dor e no gozo,
Delicado, harmonioso,
Do vate na solidão?
Quereis? Eu vou já colhê-la;
Porém, antes de a entregar,
Dizei: do cisne o que resta,
Quando expira na floresta
E cessa de modular?
Dizei-mo! Não, eu vos digo:
Dele as plumas ficam só,
Que brilham inda um instante,
E, depois, o viandante
Pisa-as cobertas de pó.
Minhas visões e meu versos
Hão de ter o mesmo fim:
Em vão desfolho esta palma,
Em vão reparto minha alma.
Ninguém lembrar-se-á de mim...