A vida de Paulo Eiró, seguida de uma coletânea inédita de suas poesias

Palradores cobardes! Lá no Elbruz

Foi quebrar-se o poder de todo o Norte;

Fez o Corão o que tocava à Cruz.



Do tirano curvei-vos à coorte:

Inda um homem o Cáucaso produz,

Homem que à servidão prefere a morte.

Santo Amaro, 1854, abril, 30.



PENAS DE CISNE

Quereis uma dessas flores

Que brotam no coração,

Duplo na dor e no gozo,

Delicado, harmonioso,

Do vate na solidão?



Quereis? Eu vou já colhê-la;

Porém, antes de a entregar,

Dizei: do cisne o que resta,

Quando expira na floresta

E cessa de modular?



Dizei-mo! Não, eu vos digo:

Dele as plumas ficam só,

Que brilham inda um instante,

E, depois, o viandante

Pisa-as cobertas de pó.



Minhas visões e meu versos

Hão de ter o mesmo fim:

Em vão desfolho esta palma,

Em vão reparto minha alma.

Ninguém lembrar-se-á de mim...

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