anos, esse rapaz extraordinário fez um mundo de coisas, que só a tal faísca maravilhosa pode explicar. Ilustrou-se. Além dos já citados preparatórios, em cujos exames passou com as melhores notas, e além do curso da Escola Normal, acumulou um acervo de conhecimentos absolutamente notável. Apropriou-se da boa linguagem portuguesa, como poucos, não só do seu tempo, senão também do nosso. Estudou latim, grego, alemão, francês, tupi, astronomia, filosofia, história, religião." E termina: "Em suma se tudo quanto compôs e organizou pudesse e tivesse de ser impresso, havia de ser matéria para diversos e alentados volumes. Tudo isso entre os 15 e os 25 anos, através de imensas tarefas e penas, sem sequer os alentos e as vantagens da publicidade, que haviam de ser os mais poderosos estimulantes dos escritores e poetas futuros."
Eis aí, em síntese, a vida intelectual de Paulo Eiró.
Da sua vasta produção tem-se notícia do seguinte:
POESIA
Sabe-se que Paulo Eiró deixou oito coleções de poesias, que constituem a sua produção até aos vinte anos, e um poema, "Crepúsculo dos Deuses", cuja data é ignorada. De toda a sua obra poética só restam, porém, duas coleções, provavelmente completas, algumas incompletas e apenas os títulos de outras, além de pequeno número de poesias avulsas. De três das coleções deixadas por Eiró, Primícias poéticas, Lira e Mocidade e Teteias, a não serem algumas páginas de um caderno autógrafo da primeira, restam unicamente cópias, duas de cada coleção, ambas em dois cadernos, feitas com letras diferentes, uma mandada fazer por um primo do poeta, João A. de Oliveira Prado, e outra que, oferecida por Martim Francisco a Valdomiro Silveira, por este o foi à família. A primeira dessas cópias é feita com certo cuidado, mas a outra está inçada de erros grosseiros.
As oito coleções referidas, que compreendem poesias de gêneros os mais diversos, líricas, amorosas, sociais, épicas, históricas, satíricas, humorísticas, na sua quase totalidade do período de 1853 a 55, são as que se seguem, observada a provável ordem cronológica:
PRIMÍCIAS POÉTICAS. — Desta coleção, de 1853-54, existem, como ficou dito, duas cópias, e apenas páginas avulsas de um caderno autógrafo, em que se encontra também a única poesia de 1852 ("Noite escura"). Uma das cópias contém 56 poesias, e a