O Rio de São Francisco. Fator precípuo da existência do Brasil

rapidamente para o mar, tornando-se um curso d'água torrencial como os seus congêneres do Nordeste. Entregue a si mesmo, adstrito a seus caprichos, o São Francisco continuou a escavar as suas margens, alargando pouco a pouco o seu leito, tornando cada vez mais precárias as suas condições de navegabilidade. A erosão das águas sobre as rochas das corredeiras retira paulatinamente o obstáculo natural interceptante e o volume escoando-se cada instante com maior facilidade faz desaparecer o fator geográfico das comunicações fluviais determinantes da unidade política do país. Os estadistas do primeiro Império tinham os olhos fixos no vale do grande rio. Em meados do século XIX, Emmanuel Liais foi contratado pelo Imperador para estudar o vale do São Francisco e as possibilidades do desenvolvimento da navegação, desde as nascentes até Pirapora, observando também o curso do rio das Velhas até Guaicuí. Henrique Guilherme Fernando Halfeld foi encarregado de efetuar idênticos estudos, da cachoeira de Pirapora até a foz, no Atlântico. Estas observações foram provocadas por um requerimento do engenheiro belga Tarte, que pediu ao governo imperial um privilégio para a navegação a vapor que pretendia estabelecer no curso do São Francisco e no dos seus afluentes. Os trabalhos de Liais e de Halfeld, publicados naquela época, constituem ainda em nossos dias o melhor repositório de informações sobre o curso do grande rio. Liais orçou em dois mil e quatrocentos contos os melhoramentos do rio das Velhas para oferecer navegação franca a embarcações de 60 centímetros de calado, durante todo o ano, a partir do porto de Sabará. Quem percorre atualmente as regiões estudadas por Liais não escapa a um sentimento de terror quando constata poder transpor a pé enxuto o rio que o provecto engenheiro francês pretendia assegurar

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