que coincide com os últimos anos do Império, senão com a fase republicana. As barcas e os ajoujos de canoas sobem o curso do rio empurrados a varejões, percorrendo em média de 24 a 30 quilômetros por dia, depois de um afanoso trabalho iniciado às duas ou três horas da manhã e que vai até o sol posto. Comparado ao labor dos tripulantes das embarcações do São Francisco, os decantados serviços dos barqueiros do Volga perdem a importância como esforço. Os rijos mestiços ribeirinhos arrastam uma vara de cerca de quatro a cinco metros de comprimento, com uma ponta calçada de ferro, pesando ao todo de 20 a 25 quilos, desde alta madrugada até o pôr do sol, descansando apenas uma hora, ao meio-dia, enquanto fazem a jacuba. Despertados ao primeiro cantar dos galos da casa próxima ao porto de pernoite, os remeiros devoram às pressas a ração de feijoada cozida durante a noite na crepitante fogueira, em torno da qual se aconchega toda a tripulação, deitada em esteiras de carnaúba, protegendo-se com o calor do fogo contra o abundante rocio das noites são-franciscanas. E a pesada barca, arqueando dez ou doze toneladas de carga útil e com um peso igual devido ao bruto madeiramento de que é constituída, é arrastada contra a corrente pela força muscular de 18 a 20 homens empurrando nos varejões. As barcas são munidas de passeios longitudinais, de quatro a cinco metros, a que denominam coxias, percorridos pelos tripulantes, que, apoiando a extremidade de cada vara ao peito, impulsionam a embarcação com toda a força de que são capazes. Nos primeiros tempos, nas águas novas, no linguajar dos remeiros, forma-se um abscesso, ou calo, no peito direito de cada um, que eles cauterizam com um pedaço de toucinho em ebulição, processo bárbaro só tolerável pelos organismos resistentes