dos destemidos mestiços ribeirinhos. Depois da farta refeição matinal, cada homem recebe, ao meio-dia, cerca de 300 gramas de rapadura, com uma quantidade de farinha a seu talante. A farinha com água e a rapadura constituem a jacuba, que é talvez o alimento básico do tripulante das barcas do São Francisco. O trabalho destes homens é verdadeiramente extenuante. A paga foi sempre miserável. O peso das barcas, a pequena quantidade de cargas transportada, a diminuta distância percorrida diariamente, os longos percursos a realizar e o pequeno valor das mercadorias conduzidas, tornariam tal navegação impossível, se não fosse o desinteresse do remeiro, cotovia ribeirinha que trabalha mais pelas atrações que lhe proporciona a profissão do que pelo salário que ela lhe oferece. Uma viagem redonda de Juazeiro a Pirapora exige mais de um mês, e não cremos que mesmo hoje o salário de um remeiro exceda de cem mil réis. Para atraí-los, porém, as barcas fazem escalas em todos os povoados. Os bons proeiros, os vogas, os trovadores famosos, têm o seu público de admiradoras. Ao som das violas nas horas de repouso ou nos cantares acompanhando a monotonia das remadas, os tripulantes perpetuam em sátiras os acontecimentos destacados da região; e as aspirações das cotovias do rio que tripulam as barcas se resumem em apreciar as feijoadas, nas farras dos portos e no amor nas escalas. Os remeiros do São Francisco são grandes contribuintes do folclore nacional.
No governo do Sr. Goes Calmon instalaram-se dependências da Capitania dos Portos em Juazeiro e Pirapora. Pretenderam regulamentar a profissão de remeiro e o serviço de barcas, e tal atividade desaparece do grande rio. Os representantes das autoridades esquecem-se de que há determinismos econômicos absolutamente inexoráveis. Um rio de condições de navegabilidade deficientes,