O Brasil na administração pombalina (economia e política externa)

violento e anárquico: o homem, seus defeitos e seus méritos... Tudo isto é que é Pombal. Insulto só, ou só monumento, é que não: dois erros, repito.

Até agora os livros da "causa". De história, pouco. João Lucio de Azevedo começou, timidamente, mas ainda juiz, julgando. Como a sua experiência era só de norte do Brasil e as suas fontes eram as portuguesas, desconheceu o resto, que é tudo. Roberto Simonsen, apesar de apologista, no Brasil, teve a intuição do caminho certo: a economia brasileira, explicando Pombal... o Brasil pesando, decisivamente, na economia do reino. Uma iluminação é certo gráfico de seu livro (vol. II, depois da página 222) - "valores aproximados da exportação no período colonial" - com o nível de 4,33 milhões de libras em 1750, advento de Dom José, que sobe ao auge de 4,75 em 1760, para daí descer, descer sempre até 3,0 o ponto mais baixo, 1776, fim do reinado. É o colapso do Brasil... O próprio Pombal o dissera, do tempo das vacas gordas: 24 milhões de cruzados produziam as minas para pagar 28 das importações estrangeiras...

É isto que explica Pombal ao Visconde de Carnaxide, autor deste livro, do qual se deverá dizer: estávamos cansados de assistir, por muito mais de século, a Pombal - "causa": agora, finalmente, começa Pombal - "história". Não lhe posso fazer maior elogio do que apontando: é o livro inaugural. Inaugural da história de Pombal.

O autor tem a mocidade grave e estudiosa. É português de casta, mas vive no Brasil. Homem das direitas, cento por cento; católico, outro tanto. Titular e com a nobreza da inteligência. Jacques Maritain, conhecendo-o, pôde dizê-lo "seu discípulo, do tomismo vivo". Carnaxide talvez quisesse começar lapidando também a Pombal. Mas teve a sorte de investigar arquivos quase virgens - documentos que vieram com o Príncipe Regente - e hoje no Arquivo Público, principalmente no Palácio Itamarati e na Biblioteca Nacional, mina que se pôs a explorar, riquíssima de documentos pombalinos,

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