história, omitindo o resto do mundo. A do Brasil é daqui só, de 1500 a 1940, intramuros, até sem os portugueses... A de Portugal independe da Europa, e do tempo, que, entretanto, obriga a toda a gente... menos a nós...
A "causa" não nos dá nem juízo, nem justiça. Pombal devia fugir à imensa pressão de seu tempo... Como, mais tarde, D. João VI à moda universal das Constituições. Como D. Pedro devia ter impedido, se era português, a independência do Brasil... Como, a D. Miguel, era ou seria devido, o seu absolutismo... E vão por aí. Que se façam, com essas ideias tortas, políticos, propagandistas, homens de sociedade, vá... mas historiadores, que não veem acontecimentos, ambiência, determinação precisa, fatal, da ação... é o que espanta...
E daí, desse erro mesquinho, o tempo perdido com... a eloquência... Michelet fez, dos revolucionários de 89, semideuses; Taine, desses mesmos homens, monstros fora da humanidade... Nem tanto, nem tão pouco. Seignobos, com menos literatura, mostra-os homens medíocres, sobre a gente sofredora e cansada e, à pressão do estrangeiro, que os emigrados açulavam, os desmandos, ações e reações desencontradas, ferozes umas, outras heroicas... Também Pombal "causa" é Camilo Castelo Branco: um doesto de diatribe; ou Rui Barbosa: um hino de apologia... Enquanto houver uma, haverá a outra. Não é história: é outra coisa, é "causa", "causa", só "causa"...
História é compreensão dos acontecimentos e dos homens. A ambiência externa; o tempo a que não se foge; o reino e o rei; a nobreza e o clero e o povo; a necessidade, depois do desbarato; as minas exaustas e a administração onerosa; a guerra defensiva; a conspiração de nobres e perseguidos; o terremoto; a esperança do Brasil, que veio a ser pensão e cuidado... O homem, como tantos da Europa, no governo do tempo, servindo a um absolutismo que bruxuleava e às massas que já soerguiam o colo de dragão, em nome de um liberalismo