que em nossa opinião vale mais do que isso: inteligência natural e certo desprezo pelo devocionismo de convenção que os escritores eclesiásticos achavam de boa nota alardear a todo o propósito.
Relações políticas e comerciais entre o Brasil e a Costa d'África durante a época colonial.
Para compreendermos e bem situarmos no tempo e no espaço a missão do padre Vicente Ferreira Pires e seu companheiro Cipriano Pires Sardinha à Costa da Mina, será conveniente fazermos a largos traços um retrospecto das relações políticas e comerciais que durante o domínio colonial existiram, pela necessidade de importação da mão de obra negra escrava, entre os domínios portugueses da América e as praias africanas fronteiras.
Assim como o litoral de leste do Continente Negro constituía, na administração ultramarina, uma dependência do Estado da Índia, a costa Atlântica estava praticamente unida ao Brasil, não só pela função natural, que lhe cabia, de fornecedora de braços para as culturas tropicais do açúcar e algodão (e posteriormente para a mineração do ouro e dos diamantes), como pela maior proximidade e facilidade de comunicação entre a Costa da Mina e o Reino de Angola, de um lado, e o Brasil do outro, do que entre aquelas possessões africanas e a Metrópole Portuguesa.
O problema das comunicações dominava de tal forma o critério das divisões administrativas, que pouco tempo depois de fundados os primeiros estabelecimentos portugueses no Maranhão e no Pará, essas vastas regiões do nosso país, apesar de contíguas ao Brasil anteriormente colonizado, passaram a constituir um governo à parte,