O MOTIVO DESTE ENSAIO
Os Historiadores do norte do país, a começar pelo venerando Capistrano de Abreu, sempre julgaram desprezíveis os movimentos libertários nascidos em Minas, julgando a própria Inconfidência como um acidente que nenhuma influência teria exercido nos fatos culminados em 7 de setembro.
É um ponto de vista. Como a História, porém, é hoje uma ciência à qual o materialismo histórico emprestou uma objetividade que não deixa mais lugar a simpatias românticas ou antipatias gratuitas, será um ponto de vista merecedor de refutação apenas por causa dos nomes que o defendem.
A guerra dos Mascates como a dos Emboabas, a Sabinada como a Inconfidência, a Revolução de 1817 como a de 1824, não se falando nas rebeliões de Beckman e Felipe dos Santos, fenômenos tipicamente de fundo econômico, são todas movimentos da maré montante do liberalismo cristalizado em Adam Smith ao influxo da máquina a vapor e o ouro do Brasil, que possibilitaram ao Ocidente, principalmente à Inglaterra, transformar o seu imperialismo comercial no imperialismo industrial de nossos dias.
Oliveira Lima, nas conferências que pronunciou na Sorbonne em 1911, chega a afirmar que o ouro do Brasil não teve importância na história econômica do seu país de origem, esquecendo-se de que a própria indústria açucareira de Pernambuco perdeu a primazia