O ouro das Gerais e a civilização da capitania

da nossa riqueza de exportação por causa dos descobrimentos auríferos das Gerais...

O que explica o êxodo de braços das regiões canavieiras do norte para as lavras do sul, a ponto de lançar em crise gravíssima a sua indústria? E a transferência da Capital da Colônia, da Bahia para o Rio de Janeiro, com todas as suas incalculáveis consequências sociais e políticas? E só ter o ouro e o diamante preservado as Gerais da presença do Santo Ofício e da Companhia de Jesus, não valeria todo o drama da exploração aurífera?...

Esses historiadores, entretanto, dão uma importância que realmente não tem à invasão holandesa, por exemplo, que nenhuma influência exerceu na nossa formação de povo. Nem ao menos a influência econômica, pois a riqueza açucareira que ostentavam as Capitanias do norte já existia ao tempo da invasão flamenga.

Dela nada ficou no nordeste senão um ou outro caboclo de olhos azuis e lanugem loura, ou uma ou outra palavra de cunho neerlandês, assim mesmo já corrompida pelo atrito do português, como "brote" e "pichilinga".

E Gilberto Freire, de quem é a observação, aduz ainda: "... deve-se salientar que os próprios nomes de pessoa de holandeses que aqui ficaram, casando-se com portuguesas, aportuguesaram ou desapareceram. A diferenciação no sentido holandês dissolveu-se, em grande parte, dentro da integração no sentido português".(*) Nota do Autor

E não pode também ser encarecida como sintoma do nascente espírito de independência, pois os brasileiros não defenderam, na guerra ao invasor, a terra do seu nascimento para si próprios, mas para um povo também estrangeiro, que era o português.

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