O ouro das Gerais e a civilização da capitania

A repulsa, sob o ponto de vista brasileiro, foi simplesmente de fundo religioso. Foi uma guerra de católicos contra hereges, como fora a dos franceses no Rio de Janeiro e no Maranhão.

O trabalho que se segue pretende refutar a tese de Oliveira Lima, demonstrando que o metal provindo das Gerais e que por qualquer motivo aqui permaneceu (o Sr. Jaime Cortesão estima em 40% do ouro extraído a parte desencaminhada aos tributos régios) foi a origem da interessante civilização criada à beira das lavras exaustas. Artes, ciências, administração pública - todo o complexo aparelho político e social aqui suscitado pela exploração aurífera, aqui permaneceu e criou esta curiosa civilização de altiplano.

Exauridos os depósitos aluviônicos de Vila Rica, Ribeirão do Carmo, Sabarabussu e Pitangui, os mineiros menos previdentes, aqueles que pelo depauperamento das lavras não puderam permanecer nas Minas, encetaram a bela página de bandeirismo que ainda não foi escrita - a conquista e o povoamento do vale do Paraíba o norte e oeste de São Paulo, criando o quarto ciclo da riqueza do Brasil, que seria o café.

É o bandeirismo de retorno às fontes da nacionalidade.

Mas, os que souberam guardar lícita ou ilicitamente o produto das suas lavras, aqui ficaram para fundar, como fundaram vitoriosamente, a nossa indústria pastoril, têxtil, extrativa e siderúrgica, que é hoje das maiores do Continente.

Quanto à indústria siderúrgica, lançaram-na em sólidas bases científicas e econômicas, em Congonhas do Campo, os Monteiro de Barros, ligados a Eschwege; em Santa Bárbara, Soares de Gouvêa e o Barão de Catas Altas, entusiastas de João Monlevade; em Itabira os

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