escreve ele, "foram realmente empreendimentos de exploração: parecia que se vogava para o descobrimento do Brasil, do qual, até então, só vagamente se tinha ouvido falar. Os resultados ressentiram-se, com efeito, da inexperiência dos expedidores e mesmo da dos consumidores; muitos artigos úteis e consistentes deram prejuízo, enquanto que em objetos de fantasia, em colares de vidro, realizava-se quatro ou cinco vezes o capital. Muitos armamentos foram empreendidos naquela época por casas de comércio de Paris, que se apressaram a estabelecer sucursais nos mais importantes portos de mar; grande número destas operações foram desastrosas e acarretaram ruína àqueles que as tinham realizado". (4)Nota do Autor
Entretanto, na aventura dessas operações transoceânicas não eram naturalmente apenas armadores que se envolviam, mas também indivíduos desajustados à nova ordem política da Europa, que procuravam, num mundo desconhecido, recompor sua vida. E Horace Say expõe: "Administradores, militares, artistas, alguns exaltados que desejavam associar-se a infortúnios ilustres, ou que pensavam não poder viver no solo nacional maculado pela ocupação estrangeira, precipitaram-se para os portos marítimos, munidos de algumas mercadorias compradas à pressa; o primeiro navio que partia era o que lhes convinha mais, pouco lhes importando, de resto, o lugar de seu destino. Isto se chamava, então, comércio de pacotilha; mas, como é fácil de imaginar, empresas assim concebidas não podiam dar geralmente senão lamentáveis resultados. Quando um navio chegava ao Rio de Janeiro, os brasileiros perguntavam, num tom irônico, quantos negociantes franceses ele trazia, e, na verdade, viam-se desembarcar pacotilheiros às vintenas"... (5)Nota do Autor
Que diferença, pois, dos carregamentos maciços dos comerciantes britânicos, que preferiam, como informou John Mawe, pôr suas mercadorias em leilão, quando pela primeira vez aqui aportaram, a transigir com a "degradação" de vendê-las a retalho!... (6)Nota do Autor
Através, porém, desse tráfico incipiente e desordenado, de que fala Horace Say, é que os habitantes do Brasil começaram a entrar em contato com os produtos de importante indústria - a única que podia fazer sombra à inglesa - até então confinada nas fronteiras da Europa.