recomendar a nossos leitores esta importante obra, que contém coisas verdadeiramente úteis para o comércio e que traz a marca dum espírito observador e dum patriotismo esclarecido. Devem ser levadas a crédito do autor as numerosas pesquisas que foi obrigado a realizar, para obter os curiosos conhecimentos e as informações precisas que encerram sua publicação; ela se tornará, com certeza, um guia indispensável a todos aqueles que mantêm relações comerciais com o Brasil e que desejam ser esclarecidos sobre os passos a dar e os inconvenientes a evitar. As descrições de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro serão lidas com grande interesse, mas o que sobretudo nos parece digno de apreço são os pormenores escrupulosos que o autor fornece a respeito das alfândegas do país que acaba de visitar, pormenores cujo conhecimento, doravante, se torna essencial a todos quantos desejem operar sobre bases seguras e pôr-se ao abrigo dos contratempos, que a ignorância dos fatos não raro acarreta". Ao publicista, entretanto, pareceram exagerados, também, os epítetos elogiosos de que se acha repleta a dedicatória a Balguerie Junior, os quais nada juntavam aos títulos de estima que possuía aquele cidadão. Discordava o jornalista, ainda, de algumas opiniões de caráter político e filosófico que Ed. Gallès avançara, o que, porém, não o impedia de julgar que o seu "jovem compatriota", que fazia jus ao reconhecimento público, acabava de prestar um verdadeiro serviço a seu país.
Sem restrições de qualquer natureza era a análise da Revue Commerciale et Maritime, (29)Nota do Autor também de 1º de janeiro de 1829. "Observações cheias de sabedoria e elevação, apreciações extremamente justas, conselhos destinados a prestar ótimos serviços, dados estatísticos plenos de interesse, eis o que notamos, com prazer, no escrito do Sr. Ed. Gallès", dizia o crítico. E acrescentava: "O autor não obteve por correspondência as descrições e documentos que nos apresenta; nem foi do recesso de seu gabinete que visitou os portos do Brasil: ele tudo viu, tudo julgou por si próprio. Se nos oferece particularidades do comércio, da administração, dos direitos alfandegários deste país, foi a peso de ouro e após mil pesquisas que os pôde conseguir; se nos associa aos usos, aos hábitos destes longínquos lugares, é porque os estudou conscienciosamente". E o articulista reconhecia que para avaliar obra de tal gênero forçoso seria transcrevê-la quase por inteiro. Limitava-se, pois, a resumi-la em breves linhas, concluindo: "Demos nossa opinião com franqueza, primeiro dever do homem que pretende