O colonialismo português e a Conjuração Mineira; esboço de uma perspectiva histórica dos fatores econômicos que determinaram a Conjuração Mineira

Norte. O Brasil parecia o "habitat" da cana sacarífera, tão abundante e de boa qualidade medrava em seus campos, virtude que logrou sustentar as finanças lusas quando se dissipava a miragem do Oriente. Nesta altura, o seu poderoso amparo não só acudia a metrópole, como favorecia o povoamento da orla costeira, independentemente de colonos do reino, ou das ilhas do Atlântico, de modo a formar núcleos de alguns brancos, índios e inúmeros mestiços, que resistiram à invasão holandesa, restituíram o Nordeste a Portugal e recuperaram, além Atlântico, os empórios da escravatura negra também ocupados pelos invasores, sem os quais o império colonial não podia subsistir.

A união das duas coroas ibéricas sob Filipe II, as hostilidades de holandeses contra portugueses daí consequentes, a ocupação do Nordeste por largo espaço e mudança dos cristãos novos financiadores da agricultura, intermediários da compra e venda do açúcar e dos escravos que o produziam, transferidos para a América Central de onde passaram a concorrer com o nosso produto, infligiram grave prejuízo para o reino, cuja independência de Castela chegou tarde para permitir reconciliação com os flamengos e impedir a sua desastrosa competição.

Na hora do declínio do açúcar, quase que limitado às necessidades do reino, surgiu próvida nova riqueza no Brasil, o ouro pelo qual tanto Vespúcio e companheiros tinham indagado. Manava abundante na flor da terra e nos riachos das chamadas Minas Gerais. Fácil avaliar o alvoroço produzido na monarquia pelo feliz evento. Daí por diante, os comboios marítimos eram aguardados pela corte e praça de Lisboa como os hebreus ansiavam pelo maná no deserto. Todas as disposições relativas à produção colonial foram imediatamente reforçadas. Novas medidas entraram em vigor. Mais que nunca tratou-se de isolar o grande domínio do resto do

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