"picareta" argentino empenhado em explorar a ditadura espanhola, que jamais fomos colônia, apenas província de um todo representado pela Coroa, como se outrora tivéssemos gozado das mesmas prerrogativas e vantagens das províncias metropolitanas. Passam com a maior desenvoltura esponsa sobre os males de férreo colonialismo, aplicado com o máximo rigor na América a poder de vigilância armada e decretos espoliativos, de que por largo espaço viveu a monarquia inventora do sistema. A pretensão irritou o Prof. Marcondes de Sousa, pelo "patrioteirismo" — que se não deve confundir com patriotismo — de uns e picaretismo de outros, razão de ácidas discussões inspiradoras de folhetos como o intitulado A Monomania invade o campo sereno da história, em que o referido professor se insurge contra o abuso.
As citações que ele empregou neste e outros trabalhos, foram cuidadosamente esmiuçadas por um mestre da Universidade de Coimbra, o qual concluía, severo, tratar-se de textos truncados a fim de facilitar capciosa argumentação, como teria sucedido com o decreto de D. Maria I sobre o funcionamento da indústria no Brasil. Ora, a reflexão do abalizado catedrático, por sinal eruditíssimo e simpaticíssimo, das maiores figuras do atual ensino português, homem de bem na acepção da palavra, protótipo do cidadão europeu citado no princípio deste prefácio, católico praticante, exemplar de família, escrupuloso quanto às suas relações com semelhantes no seu país e ferrenho colonialista no dos outros, nada prova contra o exposto de Marcondes de Sousa. Exclama o crítico, não sem pontinha de satisfação de historiador que apanha outro em falso, certo de ter reduzido o adversário a pó impalpável, que longe de manifestação de cupidez o ucasse da excelsa Senhora, deve ser tido como prova de amor maternal pelos coloniais. Ao proibir indústria no