O colonialismo português e a Conjuração Mineira; esboço de uma perspectiva histórica dos fatores econômicos que determinaram a Conjuração Mineira

Brasil, visava a soberana unicamente a bafejar a agricultura, base, como sabemos, da riqueza das nações.

Em primeiro lugar, o fato de preferir a agricultura à indústria significa, do modo mais claro, intenção de abastecer aos mineradores a fim de que produzissem o máximo em matéria de trabalho. Segundo, absorvidos na duríssima faina, tinham de ceder os infelizes gratuitamente ao fisco quantiosa parte do pó e de pepitas encontradas nas Gerais, sem possibilidade, nem "direito" (onde vemos surgir o avantesma colonialista) de em compensação prover da melhor forma, prática, acessível e cômoda, às suas necessidades, com tentativas de indústria local. Contra o ensejo impunha o decreto abastecerem-se no reino de mercadorias lusas e estrangeiras (principalmente estas à vista do atraso da metrópole), após satisfazer novo imposto pago ao fisco e intermediários reinícolas. Situação, portanto, das mais deprimentes e vexatórias, causa não raro da miserável existência do produtor da fulva riqueza. Ademais, seria tão insignificante a perda de braços distraídos da rudimentar indústria americana, em época de exclusivo artesanato, que a preferência nos parece mero pretexto, como, do mesmo modo, eleições municipais tampouco significavam (segundo vemos ainda hoje em Portugal) liberdade.

O que se pretende demonstrar no livro reside em saber se o colonialismo tornou risonha a vida do homem que mourejava na colônia ou não, se o regime lhe era favorável ou se barbaramente o explorava, se lhe permitia elevada existência, ou sistematicamente lhe cerceava qualquer progresso quando acaso não coincidisse com a inflexível ratio colonialista, que o reduzia ao papel de vaca leiteira das províncias metropolitanas, apresentadas como irmãs das colônias ultramarinas pro alguns historiadores nossos. Pouco importa, por conseguinte, investigar se já existia o termo colônia no século XVIII, se o

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