Muxarabis & balcões e outros ensaios

de torná-lo o moralista de Rosas e Espinhos, de Senhora da Engenho e de Outros Olhos.

Foi realmente em Rosas e Espinhos, publicado no ano seguinte ao do seu primeiro livro, que Mário Sette iniciou, às claras, a sua missão de moralista. "A esmola" é uma lição para as mães que recusam aleitar os filhos; "Cabelos brancos", um hino à mulher que se vê nas vésperas de ser avó; "Renúncia", um exemplo de sacrifício e de amor fraternal. Mesmo "Clarinha das rendas", tão palpitante de vida, não foge ao espírito de doutrinação do seu autor. Em alguns casos, Mário Sette chega até a intervir no assunto, dando mesmo a impressão de que os contos são mero pretexto para as suas lições de moral e de civismo.

A Ademar Vidal não escapou o senso ético de Senhora de Engenho, seu terceiro livro e o mais discutido de todos, justamente aquele em que Mário Sette atinge o apogeu do moralismo. Observação que também não passou despercebida a Vítor Viana e a João Grave, sendo que este último viu, ainda, no romance, um processo, preconizado por Oliveira Viana, de nacionalizar as gerações modernas pelo amor à terra, à vida campestre e aos instrumentos da lavoura. "Este cheiro de mel embebeda a gente", exclama uma das figuras do livro. Senhora de Engenho não passa de um "conflito entre a sophistication urbana e a simplicidade do folk". Nesse conflito - é evidente - a sophistication urbana sai derrotada pela simplicidade do folk. Nestor é um jovem estouvado, que se transforma em "ovelha pacata"; Hortênsia, a carioca melindrosa, que se torna depois respeitável fazendeira do Norte. E não é só a conversão. O altruísmo, o sacrifício, a abnegação são os sentimentos que dominam as personagens dos seus livros subsequentes - A Filha de Dona Sinhá,

Muxarabis & balcões e outros ensaios - Página 363 - Thumb Visualização
Formato
Texto