Muxarabis & balcões e outros ensaios

O Vigia da Casa Grande, Velhos Azulejos - nos quais tudo é moldado no culto das tradições religiosas do país. "Mário Sette (diz Anibal Fernandes) viu que podia tentar, entre nós, o gênero de Henry Bordeaux, tornando-se o romancista da família e da pátria. A sua fórmula não é a brutal arte pela arte, nem o contaminou o esnobismo doentio de Oscar Wilde. Mário Sette vê na arte um meio de tornar a vida mais agradável". A vida, melhor e mais bela. Por isso (observa Sylvio Rabello), o que mais me encanta em Mário Sette é a sua ingenuidade. Ingenuidade que faz o bem triunfar do mal e a virtude triunfar do vício - como se, na terra, todos os homens ou todas as coisas existissem para a mesma vida de bondade e de paz. Mais tarde, completando a chamada "literatura sadia", escreverá o autor de Rosas e Espinhos as suas primeiras lições formais e explícitas de moralismo e de civismo. E, por pouco, Mário Sette não acabaria no messianismo, messianismo que se revela, sem disfarce, pela boca de Lúcio, uma das personagens de seu romance de estreia.

*

Não obstante, ninguém pode negar que Mário Sette, mesmo nessa fase de acentuado proselitismo e moralismo, deu provas das suas qualidades de romancista. "És romancista" - exclama Monteiro Lobato, ao ler Senhora de Engenho. Salienta Lúcia Miguel-Pereira que três correntes, bem marcadas na ficção literária nacional, são peculiares ao primeiro quartel do século XX. A qual das três correntes pertenceria Mário Sette? À analista? À social? À regionalista? Alguns críticos inclinam-se pelo regionalismo. Mas o regionalismo, como observa ainda Lúcia Miguel-Pereira,(2)Nota do Autor vê no indivíduo apenas a síntese do meio a que pertence, como que o isolando

Muxarabis & balcões e outros ensaios - Página 364 - Thumb Visualização
Formato
Texto