árabes. De passagem convém lembrar que a torre da igreja do Rosário, em Maceió, é acentuadamente mourisca, como indicam o seu coroamento bulboso e a ornamentação da louça (fig. 1). Outra igreja de Maceió, a dos Martírios, destaca-se pela parede exterior, toda revestida de azulejos, da base ao pináculo. Igreja com adornos orientais já se têm encontrado em Minas e em outras partes, - com portas achinesadas, com setiais de espaldares vermelho-fogo, com janelas de grades de torneados. (5) Nota do Autor
Lisboa, ainda nos princípios do século XVI, era uma cidade semioriental, com suas lojas cheias de pimenta da Índia, de ouro de Sofala, de marfim da Guiné, de lacas do Japão, de sedas da China, de marlotas de Constantinopla, de tapetes da Pérsia; com seus mouros de aljuba branca e bragas de ferro nas pernas; com suas janelas cobertas de guadamencins; com seus sobrados de gelosias e de chaminés mudéjares. (6) Nota do Autor Isso sem falar nos castelos, onde não havia uma torre, uma vigia, um palanque, uma cisterna que não recordasse a mão-de-obra do artista mouro. "Os artífices coloniais, a quem deve o Brasil o traçado de suas primeiras habitações, igrejas, fontes e portões de interesses artístico, foram criados dentro da tradição mourisca". (7) Nota do Autor
O colono português, de fato, quando se implantou no Brasil, trazia consigo uma tão boa dose de cultura e de sangue berbero-arábico que Martins Francisco Ribeiro de Andrade chegou a surpreender na população da capitania de São Paulo tipos de características fortemente mouriscas. Talvez as do tipo clássico: pele escura, testa alta, olhos brilhantes, nariz um pouco recurvado, supercílios negros e destacados. "Não devo passar em silêncio de que vi nesta digressão homens (dizia ele), cuja catadura era mourisca sem tirar nem pôr; se em