tropical que teria sido responsável, possivelmente, pelo uso tão frequente, nas casas coloniais brasileiras, da água corrente, dos tanques, dos chafarizes, dos repuxos, das bicas. Não fossem os mouros os inventores, ou pelo menos os introdutores, na Europa, da cegonha, da nora e da azenha.
Elementos característicos da cultura berbero-arábica, adaptados no Brasil desde os mais antigos tempos, são as rótulas e certos tipos de abalcoados (as gelosias e os muxarabis).
As rótulas consistiam em grades de reixas, "cordões" ou tiras paralelas de madeira, cruzadas em aspas, ou formando espinhas, aplicadas às janelas, portas, sacadas e varandas em geral. (17) Nota do Autor Eram, à semelhança das adufas arábicas, quase sempre "pintadas de verde oliveira, de azul celeste, ou de vermelho chinês", sendo, segundo José Mariano Filho, comuns nos sobradinhos e nas casas terreiras habitadas pelos mercadores judeus. (18) Nota do Autor Fabricava-se a treliça ora com sarrafos de madeira (convexos pelo lado externo e planos pelo lado interno), ora com "uru", a taquara ou outro qualquer material mais à mão e de fácil poder aquisitivo. As rótulas feitas de "uru" ou de taquara tinham o nome popular de "urupemas". A técnica das urupemas era a mesma da peneira.
As urupemas, empregadas a princípio apenas nas casas pobres, passaram depois a constituir um privilégio das moradias suspeitas. E, assim, a expressão "casa de rótulas" veio a designar o local preferido pelo meretrício. "Fulana foi para uma rótula" era frase em uso no Rio de Janeiro, lá para os fins do século XIX. (19) Nota do Autor Algumas velhas janelas de Olinda ainda hoje ostentam rótulas, mas já reduzidas ao papel de persianas (fig. 2).
Nas estampas de Debret (20) Nota do Autor veem-se algumas dessas rótulas. Tollenare assim as descreve: "As casas térreas