local mais fresco do lar. É o sítio onde se guardam as moringas. Seus pauzinhos de taquara, bem apertados uns nos outros, corrigem o excesso de luminosidade tropical. Mas, não dá o muxarabi apenas a sensação de conchego. O muxarabi traz também a ideia de segurança. Relembra os balestreiros dos alcáçares feudais, fortificações que eram o amparo das torres, a garantia dos muros, a tranquilidade dos habitantes. Também as habitações iriam ter a sua segurança. E, assim, surgiu o muxarabi.
O muxarabi, entretanto, desperta ainda uma ideia, que não é precisamente nem a de bem-estar, nem a de segurança. Quem está por trás das varinhas em xadrez pode ver e não ser visto. Não deve mesmo ser visto. Em suma o muxarabi traz também a ideia de zelo ou ciúme. Esse sentimento caracteriza-se, sobretudo, por um dos seus elementos mais vivos, - a adufa ou rótula (gelosia vem de jaloux).
No Brasil colonial eram raras as janelas ou portas, que não possuíssem adufas. Com o uso das grades de ferro e com o desenvolvimento das fábricas de vidro, tiveram as adufas o mesmo destino melancólico das gelosias e dos muxarabis. (48) Nota do Autor São raras, hoje em dia, nas velhas casas de Olinda e do Recife, as portas e janelas providas de reixas em xadrez.
Em certos casos, foram as vidraças que substituíram as reixas quadriculadas; em outros, os vidros foram substituídos por fasquias paralelas. As janelas da casa da rua Prudente de Morais, nº 440, em Olinda, por exemplo, mostram o meio-termo, que resultou da luta da varanda moderna com o muxarabi. Do muxarabi conserva ainda o quadriculado e os balcões, já em plena fase de desaparecimento. Quase de degradação, ia eu dizendo.