terra com o silvícola e ainda hoje, apesar das vicissitudes e contratempos sobrevindos a este, raramente consegue conhecer melhor aquela e praticar mais sabiamente esta de que ele o fazia naquela era", diz Hoehne, valendo a pena consigná-lo. O sul-americano procedia de civilizações pré-colombianas. A hipótese de Saint-Hilaire é que os tapuias seriam mongóis e os da língua tupi proviriam de ramos menos nobres da raça caucásica. Para Horn, teriam vindo aqui hunos, tártaros-cataios e, depois, cartagineses e fenícios. Muito provável, porquanto todos esses povos — notadamente os últimos — haviam pressentido os fenômenos sociais, que determinaram o expansionismo náutico dos séculos XV, XVI e XVII, e tinham eles próprios se expandindo em menores proporções. No já referido livro, dedicamos uma parte ao assunto.
Deixando de lado, em todas as suas versões, a lenda de Santo Tomé, podemos buscar muito longe o início do povoamento das Américas. Ameghino recua ao período terciário. Em universidades norte-americanas se estudam civilizações anteriores à asteca. Conhecem-se a maia e a chibcha. Os jês, os tupis-guaranis e os guaicurus, aqui encontrados, seriam desterrados de nações que dominavam ao ocidente, ou emigrados, ou extraviados. Quando chegaram os europeus, não se encontravam mais na fase venatória apenas, e não praticavam a pecuária, contrariando, por tal maneira, a evolução clássica atribuída aos povos. Viviam da caça e da agricultura, e o fato de cultivarem a mandioca em grande escala mostra que já não eram totalmente nômades. Se não abriam vastas culturas, explica-se de duas maneiras. Primeira: à época, mesmo na Europa ainda era extensiva a agricultura. Segunda: questão de mentalidade, podendo nós classificar a do aborígine inferior à do europeu, com o nosso maior ou menor convencimento. Julgavam absurdo trabalhar em labor tão árduo além das necessidades estritamente primárias, e suas noções de conforto eram nulas. Mais tarde, como na América do Norte, na África e na China, serão atraídos ao salariado, por meio de vícios exigidores de dinheiro para manter-se: o álcool e o fumo. "Dirão — escreve Hoehne — que os aborígines não tinham comércio nem indústrias capazes de demonstrar a sua produtividade agrícola e industrial, que eram gente indolente, sem estímulo e sem ambição. Isso é fato. Os naturais eram verdadeiros despreocupados, mas, no entanto, possuíam sempre o necessário para as suas necessidades. Isto evidencia-se das palavras do próprio silvícola a quem Jean de Léry, a viva força, pretendeu demonstrar a vantagem que havia no comércio e na exploração dos produtos naturais das selvas e da lavoura: bem vejo — replicou — que vós mairs (franceses) sois uns loucos; atravessais o mar com imenso risco e grande incômodo, e labutais tanto, com o único objetivo: juntar riquezas a fim de deixá-las para os filhos ou parentes! Para que tanta preocupação? A terra que vos alimentou não será capaz de nutrir também os filhos ou parentes?... Nós