Caatingas e chapadões

Colhi farta messe folclórica sem a preocupação própria dos entendidos em demopsicologia.

Anotei, também, modalidades próprias do linguajar dos sertanejos, o qual procurei reproduzir, com a maior fidelidade que me foi possível, nos diálogos que figuram neste livro. Consignei neologismos, arcaísmos e rifões.

É interessante o fato de o povo guardar termos e expressões antiquadas. Às vezes, certos vocábulos pareciam-me criações do meio sertanejo; no entanto, estudando melhor o assunto, cheguei à conclusão de que eram formas usadas pelos quinhentistas contemporâneos dos povoadores da Terra de Santa Cruz.

O povo é eminentemente conservador e esse fenômeno linguístico lembra o não menos interessante fenômeno petrográfico da cristalização, em que os minérios, por um capricho da natureza, retêm, em seu íntimo, gotas de água puríssima, guardadas, assim, para todo o sempre.

Nesta coleção de material procedi como o garimpeiro que na sua bateia colhe as gemas preciosas e depois as entrega aos lapidários para que estes, em mil e uma facetas, as façam brilhar esplendorosamente.

Aos especialistas, portanto, ofereço as minhas observações como matéria-prima propícia a seus estudos.

Nas diversas travessias que fiz a cavalo procurei, também, anotar as distâncias percorridas, altitudes, temperaturas e fenômenos meteorológicos que poderão ser úteis aos futuros exploradores da economia do sertão por onde andei.

Figuram neste livro descobertas e estudos científicos por mim realizados nos Estados do Piauí e Maranhão, tais como a qualidade ofiófaga do cangambá, o vício da diamba, e também sobre os insetos nocivos e os úteis ao algodoeiro.

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