Caatingas e chapadões

- É. Que é que você quer dizer com isso?

- Não estou achando lá essas coisas.

- Engraçado: caçorova de Piracicaba, fazendo restrição à beleza do Rio.

- Não... mas eu imaginava... É verdade, a imaginação tem as asas das Mil e uma Noites. Mesmo um espírito provinciano é capaz de arquitetar rutilantes fantasias, palácios encantados, "ruas calçadas de diamantes", da velha modinha de violão, para o amor passar...

À tarde do mesmo dia os rapazes do "61" - moradia da Família Silveira Mello, levaram-me à cidade: atravessamos a Avenida Central (Rio Branco) e quando o automóvel desembocou na Avenida Beira Mar fiquei deslumbrado; o encantamento tomou quase a forma de êxtase ao acenderem-se as luzes da iluminação pública. Tive a sensação de ser um personagem de conto de fadas: havia-se dado uma transmutação na minha pessoa. Lembrei-me daquela estrofe simples do nosso caboclo nortista:

“Amóde que não choveu.

Amóde que eu tô trocado,

Amóde que não sô eu".(1) Nota do Autor

No dia seguinte, em companhia do Dr. Emilio Charropin, fomos apresentados ao Superintendente e autor do plano de proteção à cultura da borracha: Engenheiro Raimundo Pereira da Silva.

Comunicou-nos o Dr. Pereira da Silva que devíamos voltar no dia seguinte para receber as passagens e uma ajuda de custo - a primeira que recebi na vida de funcionário. Apresentou-nos ao Secretário Geral da

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