Caatingas e chapadões

que apanhei, numa das múltiplas viagens que fiz ao norte do país, da Bahia a Maceió, não me sobressaltou, pois dormia profundamente, sem dar por ele.

Lá pelo dia 20 de maio de 1913, saía o velho vapor do Lloyd - o "Brasil", singrando a Guanabara. Eu, no tombadilho, extasiado com a beleza da terra carioca; passamos pertinho do "Pão de Açúcar", de Copacabana e rumamos para o norte. Lancei um último olhar aos perfis geográficos no desejo de ver o "Gigante Adormecido" - não o consegui. A costa foi desaparecendo, desaparecendo...

A bordo tudo corria bem. O velho "Brasil" navegava serenamente. Comecei a confiar, e, deixando tudo ao que determinasse a mercê do Braço Divino, que, no dizer de Newton, "colocou os astros na tangente de suas órbitas", pus o coração à larga - seja o que Deus quiser.

Na manhã seguinte, bem cedinho, o vapor aproou para a costa verdejante de um verde garrafa. No pináculo de uma montanha divisei um castelo. Castelo? Não. Era um convento. Lembrou-me aquele quadro célebre de Goya: um castelo no ápice de um morro tão abrupto como o Pão de Açúcar do Rio, assediado por um exército inimigo que, da base, por meio de catapultas dispara flechas incendiárias, enquanto - profética visão - homens guerreiros, com asas, como gigantescos acrídeos atacam pelos ares irredutíveis fortaleza.

Passamos a barra. Espetáculo maravilhoso oferece a entrada da baía de Vitória - Capital do Estado de Espírito Santo. É um verdadeiro presépio. À proa do "Brasil", não sabia o que mais admirar - se o convento no pico do morro, a linda praia cheia de moradias pitorescas, onde desejaria habitar, ou os encantos topográficos que envolvem casas e ruas da bela cidade.

Caatingas e chapadões - Página 31 - Thumb Visualização
Formato
Texto
Marcadores da Obra