Caatingas e chapadões

Foram baldados todos os meus esforços de persuasão: o bom do velhote, com um risinho de vitória, disse-me um "até outra vista", como quem não tinha muita vontade de me tornar a ver, e saiu num passinho acelerado, resmungando não sei o que com o varal de caranguejos balançando no ombro.

Parti para o centro da cidade, e numa confeitaria elegante da Rua da Princesa, matei a sede com água de coco gelada.

De madrugada o vapor levantou a âncora e partiu para Cabedelo, porto de mar da Paraíba do Norte, a poucos quilômetros da capital do Estado.

Cabedelo fica à margem direita do Rio Paraíba do Norte, ou melhor, à margem direita de sua foz. No estuário do Paraíba não se observam os inúmeros igarapés e deltas próprios dos rios Parnaíba e Itapicuru: o rio desce num só corpo até as fauces escancaradas do mar que o engole de um só "trago".

A entrada da barra era estreita e muito difícil. À direita de quem entra, via-se um enorme mangal, e, à esquerda, o velho Forte de Cabedelo e um bonito cocal, cobrindo a cidade que se derramava pela praia plana e arenosa. O navio atracou num pontilhão de madeira que servia de cais, onde começavam os trilhos da Estrada de Ferro.

Como sinto um encanto, uma atração irresistível, para as coisas do passado, pois a nossa vida nada mais é que um momento da sucessão de vidas através da célula imortal, meu primeiro desejo foi conhecer o histórico Forte de Cabedelo, velho e carcomido, em cujas paredes grossas e úmidas poderia ler um capítulo heroico do passado do Brasil colonial. O forte estava no mais completo abandono; digo mal, abandonado não! pois à entrada, junto ao seu enorme portal de madeira,

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