num dolce far niente, tomando a deliciosa água de coco, causaria a gente inveja aos anjos... E além disso, a poucos metros, algumas dezenas de passos, a praia, oferecendo um banho gostoso, e, segundo parece, sem perigo.
Era nesta praia que as jangadas vinham descansar, receber alguns reparos, a fim de, mais tarde, impávidas, com uma ousadia inacreditável, partirem, quais gaivotas, barra afora, para o alto-mar, onde só se vê céu e água, e, no dizer do poeta, os dias infinitos se encontram.
Jangadeiro! Jangadeiro resoluto, símbolo de uma raça de gigantes anônimos, é muita temeridade confiar tanto em meia dúzia de paus e uma vela!
À tarde, terminada a pesca, voltavam as jangadas, umas atrás das outras, como formigas saúvas, carregando folhas alvacentas para o formigueiro.
A nota característica de Cabedelo é sem dúvida o seu bonito e verdejante coqueiral. Os coqueiros "botam" todo o ano. Num mesmo pé viam-se cocos de todas as idades: desde o cacho em flor até o coco maduro.
Sempre que por ali passava ia direito aos meninos que vendiam cocos verdes. Estes pequenos, seminus, calças rotas e camisa em tiras, empunhando pequena foice (podão), ou mesmo, um facão de "papo-largo" - que lembra a adaga mourisca, não perdiam de vista o passageiro.
- Um coco verde, patrão! "Tem é água muita". Corto?
- O meu é "vremeio", patrão! Me dê sua preferência.
- Então há cocos de duas qualidades? Pergunto.
- "Apois" então o patrão não sabe? Tem o coco branco e o “vremeio". E quem tem o "vremeio" não procura o branco - afirma o menino do coco vermelho.
- Bem: corte um vermelho.