Acho muito difícil o mundo viver em paz e extinguir as rivalidades. A primeira coisa que notei em conversa com os paraibanos foi a acesa rivalidade existente entre os moradores de Parnaíba e Teresina, capital do Estado.
- Olhe, seu Doutor, não se esqueça de levar bananas, pois lá pouca coisa encontrará para comer. Puro bairrismo...
Parnaíba, apesar da vaidade dos parnaibanos, era cidade pequena, ruas mal calçadas ou sem calçamento algum. Não tinha esgoto e nem água; esta era transportada por jumentos, do rio às residências. Os jumentos, com cangalhas e dois corotes, um de cada lado, desciam à beira do "Iguaçu", que outra coisa não é senão um braço do rio Parnaíba, e aí esperavam pacientemente que os meninos enchessem os corotes de água.
O bíblico animal - o "jegue", como era vulgarmente chamado, terminada a faina diária, ficava livre pelas ruas da cidade, comendo uma moitinha de capim onde a encontrava. E sem escolher local, ou incomodar-se com os transeuntes, praticava o "crescei e multiplicai-vos" com o maior desembaraço e naturalidade deste mundo no afã de perpetuar a espécie.
- Mas não há fiscais nesta cidade? Exclamou o Negrais.
- Há, respondo-lhe eu. Isto é: se, há pouco, não havia, vejo que a fiscalização começou com você.
Em Parnaíba estavam instaladas a Alfândega e mais repartições próprias de porto de mar: casas comerciais de primeira ordem, de importação e exportação.
Visitei Amarração, porto de mar inconteste do Piauí, distante 18km de Parnaíba. Estava em conclusão o primeiro trecho ferroviário do estado. Elementos da oposição garantiram-me que era a construção mais