Caatingas e chapadões

- Virge! Esse homem tem parte com o cão! (Pacto com o diabo, é o que queriam dizer).

- Que parte com o cão, qual nada! Já lhes disse que a cobrinha não morde, a natureza dela é assim mesmo.

Perdi meu tempo e meu latim. Desde esse dia, os marinheiros passavam ressabiados, por mim, como quem evitava um bruxo.

Falei-lhes muito sobre cobras, seus perigos, crendices, meio de distinguir as venenosas das não venenosas. (Para a generalidade de nossa gente, todas as cobras são venenosas; até certo ponto esse conceito é benéfico, porque, não as conhecendo, convém que todas sejam temidas.) Contei-lhes que havia em São Paulo um instituto chamado Butantã, onde grandes médicos preparavam remédio seguro contra a mordedura de cobras venenosas.

Disse-lhes mais: que fora um grande sábio brasileiro - o benemérito Dr. Vital Brasil - o idealizador de tudo.

Após essa quase conferência, cada um foi para a sua rede, e os marinheiros para os seus afazeres.

No dia 12 de julho de 1913, à tarde, o "Iguaçu” - navio comandado pelo Sr. João Cunha, com quem fizemos boa camaradagem, transformada em duradoura amizade, atracara depois de oito dias de viagem, no cais da capital do estado do Piauí - Teresina. Foi colocada a prancha e as pessoas que aguardavam a chegada do vapor, encheram o tombadilho à procura de amigos e conhecidos.

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