A cidade ainda era iluminada a lampeão de querosene. Esse fato, justamente à tarde de nossa chegada, nos impressionou muito mal; não estávamos mais acostumados a ver iluminação tão obsoleta. A bem da verdade, devo declarar que as instalações de luz elétrica estavam sendo ultimadas. O que, todavia, não podia entender, e chegava mesmo a incomodar-me, era a maneira pela qual colocavam os postes. Em toda a parte do mundo, os postes de iluminação ficam alinhados à beira dos passeios; somente nas grandes avenidas é que são colocados no meio da via. Pois bem. Em Teresina fincavam-nos no meio das ruas, e ruas muito estreitas. Cada poste tinha um embasamento de alvenaria, tão grande, que, além de prejudicar a estética da cidade, dificultava o trânsito. No momento este não era muito grande, mas os administradores da coisa pública deviam pensar no futuro.
"Hotel 15 de Novembro". A nossa chegada ao hotel foi engraçada. Nós havíamos telegrafado da cidade de Parnaíba ao gerente do hotel, pedindo que nos reservasse aposentos. Esperávamos, por isso, muito importantes, que nos indicassem os cômodos a nós reservados. Um empregado da casa nos conduziu a uma espaçosa sala de frente, e nos disse que aquele era o nosso aposento. Quarto ladrilhado e limpo, mas sem um móvel sequer. Deixamos as malas a um canto, e esperamos, refletindo: com certeza não tiveram tempo de mobiliar o quarto. Depois de uns 15 minutos, o meu colega Negrais, um tanto nervoso, já se impacientava com a demora. De vez em quando o Sr. Carvalho, proprietário do hotel, passava por nós, e amavelmente dizia: "- Às ordens. Não façam cerimônia." Vendo que meu colega estava pronto para reclamar e para dizer meia dúzia de desaforos, solicitei-lhe que me deixasse resolver o caso.