Fui ao gerente, isto é, ao proprietário e perguntei-lhe se havia recebido nosso telegrama, pedindo-lhe que nos reservasse quarto.
- O quarto é esse, amigo! É o melhor da casa.
- Sim, estou vendo. Mas, e a mobília?
- Os senhores têm rede?
- Temos.
- Pois mobília aqui é rede. Em cama não há quem durma: é calor muito. Onde estão as redes?
- Na mala, disse, pondo-as para fora.
- Faz o favor. Vou armá-las. São redes cearenses, muito estreitas, ia dizendo e armando-as nos ganchos. Os senhores precisam comprar redes piauienses, redes "taguiranas", em que duas pessoas podem dormir juntas.
- O senhor não pode, ao menos, nos arranjar um lavatório para lavar o rosto?
- Vou dar um jeito.
Meia hora depois veio triunfante com o desejado utensílio. Era um daqueles lavabos de ferro, com bacia redonda e espelho oval - espelho que deforma a cara de quem se mira nele - lavabo, conhecido no interior paulista, como "lavatório de turco".
O "Hotel 15 de Novembro" era um casarão característico do lugar. A construção, embora simples, obedecia a um plano inteligente, que era o de evitar o mais possível o efeito das altas temperaturas. Tinha a forma de U. Na frente e num dos lados, estavam instalados os quartos dos hóspedes; no outro braço estavam as dependências do hotel: banheiros, cozinha e despensa; no fundo do U ficava a sala de refeições, cujas janelas amplas se abriam para o pátio - quintal. Os banheiros de uma pobreza franciscana, eram, comuns a todos os hóspedes: não passavam de um quarto ladrilhado,