com um ou dois barris cheios de água, uma cuia e um cabide para toalha e pijama.
A primeira noite na Capital do Piauí me provou que a rede era o único leito em que se podia dormir naquelas regiões. O calor era asfixiante para quem chegava do sul do país. Isto é, é bom notar, em meados de junho - quase no início do inverno no Brasil.
A rede não é uma comodidade desconhecida no Sul. O nosso indígena a usava em todas as latitudes do continente. Assim, o uso foi-se perpetuando entre os novos povoadores. Em São Paulo, a rede serve mais para ligeiro descanso, para fazer pequena sesta, ou passar por uma soneca, como vulgarmente dizemos. Por isso, em São Paulo, a rede geralmente é colocada na sala de refeições - varanda - como regionalmente a designamos. Nas casas de campo, arrabaldes, residenciais, chácaras, sítios ou fazendas, armam-se as redes de preferência nos terraços.
No norte, estou convencido, a rede é um objeto imprescindível e muito agradável. Dormir em cama com colchão, representa verdadeiro suplício.
Antes de sair à rua para o primeiro passeio, fui engraxar os sapatos no corredor do hotel, onde estavam localizadas as cadeiras de engraxates.
- Menino, disse eu, veja se me engraxa o sapato em três tempos.
- "Dotô tá vexado"?
- Não estou "vexado", menino, estou com pressa!
- "Apois, o dotô, tá é mesmo vexado."(13) Nota do Autor
Fiquei quieto. À hora do almoço relatei ao amável dono do hotel a minha conversa com o engraxate, e ele sorrindo me esclareceu:
- Na linguagem popular, entre nós, "vexado" quer dizer - estar apressado.