– Igreja, iluminismo e escolas mineiras coloniais. (Notas sobre a cultura da decadência mineira setecentista).

como ensina aquele curioso Itinerário Geográfico do Rio de Janeiro até as Minas do Ouro, composto por Francisco Tavares de Brito, em 1732, apensado ao Códice do Dr. Caetano Costa Matoso, que estabelece o seguinte roteiro, com algumas reviravoltas incríveis: "(...) Morro do Rio das Mortes, com beta de Ouro, Ponta do Morro no Arraial Velho,Camapoan, Itambira, Tupanhuacanga, Itaculumim, Serra do Frio, Morro da Conceição".(1) Nota do Autor Não há senão os arraiais da circunstância, os quais - segundo Southey - eram as "habitações e costumes dos primeiros aventureiros, que abarracavam como os ciganos".(2) Nota do Autor É que nem sempre esses acampamentos de emergência resultam em povoados. Assim como surgem, logo desaparecem. Em 1708, o paulista Bento Godói Rodrigues, assenta tenda na bacia da Serra do Caraça, onde encontra, em dia e meio de trabalho, arroba e meia de ouro; um arraial ali se estabelece e, ainda em 1716, há notícias de "hum caminho que mandou fazer o povo do Inficionado p.a o Caraça por lhe ser conveniente a Condução dos mantimentos p.a o mesmo Arraial".(3) Nota do Autor Mas, logo desaparece completamente, sem deixar sinal de si. São esses aglomerados como as nossas atuais favelas: ausência total da lei, da moral, da autoridade, tanto civil como militar ou eclesiástica. Há apenas capelas, sem os vigários: curas e visitadores percorrem esses arraiais efêmeros, "certão, onde sem controversia campeava a Liberdade, sem sogeição a ninhua Ley, nem Justissa, senão anatural".(4) Nota do Autor É a era dos "desmanchos" de "alguns máos principalm.te Mulatos, Bastardos e Carijós", que desencadeiam "contendas extraordinarias, defendendo cada hum aos seus Affileados com o mayor emp.º de caprixos, e pundonores"(5) Nota do Autor e, portanto, de assassinatos cruéis, feras perseguições e expropriações sem conta; era dos roubos memoráveis, originando as lendas daqueles primitivos cargueiros, que desciam das Minas estropiando-se de tanto ouro nos alforges, sacadas de ouro que as autoridades reinóis (legitur Governador Artur de Sá e Menezes) portavam para si próprios, sob os mais especiosos pretextos, como o daquele

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