– Igreja, iluminismo e escolas mineiras coloniais. (Notas sobre a cultura da decadência mineira setecentista).

recursos que faleciam aos descobridores, começaram a levar-lhes vantagens, que resultaram no ódio coletivo e sangrento da "guerra" dos Emboabas, que agravou ainda mais a situação dos paulistas. A maré montante dos Emboabas atinge o máximo na ação armada e política do seu líder Manuel Nunes Viana, o qual, "sagrado" pelo frade trinitário Francisco de Menezes (um misto nefando de Pedro Eremita, Fra Diavolo e monge do Decamerone), dispersa os paulistas e põe para fora da Capitania o Governador D. Fernando de Lencastro. Foi quando a maioria destes - já de si meio nômades - emigrou para outros descobertos, nos Goiases, em Mato Grosso e alhures. Também famílias numerosas deles foram acrescentar-se às muitas que já vinham povoando os sertões do São Francisco desde 1690, pois "forão elles [os paulistas]" - o depoimento é de um ufano descendente, Cláudio Manuel da Costa, no Fundamento Histórico, com que abre seu poema épico Vila Rica - "os primeiros que se entranharão pelo Rio de São Francisco, e povoarão e encherão de gados as suas margens, de que hoje se sustenta o grande corpo das Minas Gerais".(10) Nota do Autor Ficam nas Minas poucos paulistas (principalmente na Comarca do Rio das Mortes, dos quais dará notícia, em 1809, o viajante John Mawe, que observa serem as mulheres de ascendência bandeirante mais cuidadosas e econômicas), de tal forma que apenas 39 famílias, das 174 que o linhagista Cônego Raimundo Trindade considera como os "velhos troncos mineiros", são originárias de São Paulo, o que vale dizer constituir-se a população branca colonial mineira de uma imensa maioria de minhotos, portuenses, transmontanos, beirões e açorianos - quase toda gente campesina de Portugal - no permeio dos quais vieram também muitos "cristãos-novos" e filhos de outras Capitanias.

Após lutarem contra os paulistas detentores dos privilégios iniciais, esses aventureiros, entram em choque com as próprias autoridades de El-rei, quando estas, mais bem aparelhadas para garantir a mão do governo, em benefício principalmente da Real Fazenda, começam a pôr ordem na anarquia geral e a coibir as prepotências fiscais e civis dos régulos da grossa mineração.

E quando assume o domínio da situação, após a separação das Capitanias de Minas e São Paulo da do Rio de Janeiro, o

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