– Igreja, iluminismo e escolas mineiras coloniais. (Notas sobre a cultura da decadência mineira setecentista).

recolhidas (do Recolhimento de Macaúbas), cirurgiões, músicos e professores, num total de 21 pessoas.

Tanto nas devassas de 1733-34, como nas do ano de 1763, segundo o Livro III de Devassas ou Visitas - 1763, promovidas pelo Dr. José dos Santos, Vigário-geral de D. Frei Manuel da Cruz, Bispo de Mariana, nas Comarcas do Rio das Mortes e de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto (São João del Rei, Santana das Lavras do Funil, Carrancas, Aiuruoca, Pouso Alto, Baependi, Campanha do Rio Verde e Bambuí; inexiste a relação das freguesias da Comarca de Ouro Preto, pois "extraviaram" do livro as folhas referentes a Vila Rica e demais localidades dessa Comarca...), os dados revelam o maior número de agricultores em relação aos mineradores, mesmo nesse período áureo do ciclo da mineração; o Livro III de Devassas ou Visitas - 1763, igualmente do Arquivo Metropolitano de Mariana, do qual extraímos os dados referentes ao ano de 1763, inclui a procedência das testemunhas, quase todas de origem portuguesa, provenientes do Arcebispado de Braga (os mais numerosos), depois do Bispado do Porto e, finalmente, do Bispado de Angra: são, pois, elementos oriundos do Minho e de Trás-os-Montes, da região portuense, do vale do Douro e das Beiras, e existem muitos ilhéus açorianos. De Lisboa ou do sul de Portugal, há notícia de poucos. Uma imensa maioria de lusitanos pois, agricultores a maior parte, justamente porque advindos das províncias tipicamente agrícolas do Reino.

Classe em expansão a partir de 1730, será a dos artesãos, dos artífices, em virtude do fenômeno da crescente e rápida urbanização das Minas, em que o seu papel cresce de importância. No primeiro momento, esses artesãos serão quase todos reinóis, havendo alguns mamelucos e um que outro negro mais engenhoso (geralmente mina) entre os carapinas, ferreiros ou seleiros. Iniciada, porém, a miscigenação, os filhos mulatos passam logo a exercitar-se nas artes paternas, como é o exemplo clássico do Aleijadinho, aprendiz do próprio pai, o português Manuel Francisco Lisboa, mestre de obras. Queremos acreditar que, já nas devassas de 1733-34, muitos dos artífices arrolados como testemunhas já se guindaram a um melhor lugar na sociedade, herdeiros que são do nome dos pais e de suas profissões, porque já filhos de suas mães forras.

Outro grupo importante na constituição da sociedade do tempo é o dos comerciantes, também este mais numeroso que os mineradores. Ou vivendo de suas "agências" (com certeza corretores de minas e fazendas e gados, fazedores de "tramas"

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