devassas como "bastardas", "carijós", "do gentio da terra", ou por vazes "mistiças"; são algumas as índias "pronunciadas" e aparecem mais amiúde nas freguesias da boca do sertão, tais como o Curral del Rei, Congonhas de Sabará e Pitangui (13, no total). Esse pouco sangue aborígine na mistura étnica dos mineiros irá ser destacado por um sábio ilustre (Saint-Hilaire), como um dos fatores de uma certa superioridade sobre os demais irmãos brasileiros.
2. A diferenciação social
No próprio momento em que o aventureiro acha a sua boa pinta de ouro e ela começa a render, ele se estabelece e fica na terra. A sua simples condição de minerador vitorioso, que topou com a fortuna, o diferencia da condição do outro aventureiro, menos feliz, que continua a sua nômade procura do ouro furtivo: ele é um homem rico e o outro pobre. Pode aspirar à nobreza da terra, sem que ninguém ouse contestar-lhe esse direito, já que tantos outros guindaram-se a melhor posição social da mesma maneira que ele. O minerador abonado, pois, haverá de justificar-se com o poeta ilustre, que logo mais os seus filhos estarão conhecendo nas aulas de latinidade do Pe. Lopes de Matos, no Seminário de Mariana:
"Ne(...)
Collatum idcirco tibi me contemnere debes:
Aptari magnis inferiora licet."(16) Nota do Autor
Exato. Que ninguém estabeleça comparação naquela terra de aventureiros: desde os bandeirantes(17) Nota do Autor, todos chegaram com uma mão adiante e outra atrás, e sua razão de viver era uma só - o ouro, de qualquer jeito, lícita ou ilicitamente, com Deus ou pelo Diabo! Que ninguém faça pouco do outro, porque é um "pé-rapado", cariboca, mestiço ou gentio da terra: amanhã, de repente, ele pode achar também a fortuna e, de sua mesquinha condição, poderá aspirar à grandeza da terra.
Além dos mineradores, há outra gente que se vai guindando também, na sociedade mineira em formação: o dono da terra, o agricultor, que já vimos ser, mesmo nos anos do