esses papeluchos desvalorizados acabaram sendo falsificados. Assim, em 9 de março de 1815, o Governador D. Manuel de Portugal e Castro comunicava ao Marquês de Aguiar que, no Termo de Barbacena, "aparecera grande quantidade de Bilhetes de permuta falsos e até mesmo Barras de estanho ou chumbo cobertas de ouro, com as respectivas Guias, em gravíssimo prejuízo do Publico", (161) Nota do Autor tão bem trabalhados pelos falsários que é "assaz dificil de se reputarem por taes", desde que "muitos são impressos e de hum typo bem semelhante, encontrando-se apenas mui pequenas differenças nas assignaturas, que o povo não pode reconhecer" (Officio do mesmo, em 18.3.1815),(162) Nota do Autor o que logo evidenciou terem sido as falsificações feitas fora dos limites da Capitania.
Não obstante esse envilecimento sobre os pobres dinheiros e valores da Capitania, continuavam a ser enviados para a arte os melhores bocados desse agora pouco recheado bolo fiscal das Minas, isto é, os produtos dos quintos, do subsídio voluntário, do imposto do correio e do papel selado, o que valia dizer ficar muito pouco ou nada para acudir às necessidades administrativas da Capitania, razão pela qual o Dr. Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos, exemplaríssimo alto funcionário da Administração, haveria de recordar mineiramente, que "a meros administradores não compete proporcionar a renda da Capitania à totalidade dos seus gastos".(163) Nota do Autor O eminente memorialista foi o Secretário do Governo de Minas, justamente nos tempos em que, para cobrir os claros, tanto das contas públicas como das adulações, os Capitães-generais insistiam na rendosa picaretagem de extorquir dinheiro da classe apatacada da Capitania, sob o título eufemístico de "donativo gratuito" ou "subsídio extraordinário" - escuso expediente, semelhante ao da atual "caixinha", imposta por governantes pouco escrupulosos a fornecedores ou negociantes de "lucros extraordinários" - para, sob os mais especiosos pretextos, obsequiarem Sua Majestade Fidelíssima. Sim, era um rico dinheiro, limpinho, que ia parar direito nas mãos do soberano, lá em Lisboa, onde sua falta, aliás, não era menor do que aqui. Em 1800, o Conde de Sarzedas correu a sacola do "donativo gratuito" por entre os ricaços da Capitania e conseguiu uma coleta de oitenta e seis contos e quinhentos e pico;(164) Nota do Autor houve, logo em consequência